Chega de storytelling!
Ou melhor, talvez sigamos a lógica do famoso e transgressor cineasta francês:
“A história deve ter um começo, um meio e um fim, mas não necessariamente nesta ordem.” (Jean-Luc Godard)
Guardadas as devidas diferenças, as orientações do relatório de tendências do TikTok para 2024 me lembraram a célebre frase acima e o movimento de ruptura no cinema francês que ficou conhecido como Nouvelle Vague nos anos 1960.
A plataforma incentiva os produtores de conteúdo a assumirem uma postura de Bravura Criativa para o ano que vem. O documento traz dados estatísticos e estudos de caso sobre o que está acontecendo (What's happening?) e o que está por vir (What's next?).
Expectativas para a produção de vídeos curtos para as mídias sociais
Quanto ao TikTok, há três eixos principais para criar conexões mais profundas segundo o texto publicado no TikTok Business no dia 7 de dezembro de 2023:
atiçar a curiosidade;
ganhar confiança por meio de uma escuta ativa dos clientes da marca;
e contar histórias de um jeito doidão - o original em inglês traz a palavra unhinged, que pode ser traduzida como perturbado, transtornado, desvairado, delirante. Nesse caso, tem a ver com tentar sair do "mais do mesmo", quebrar expectativas, ou até adotar o estilo delulu (delusional) - saiba mais nos links deixados no final deste post.
A espontaneidade e autenticidade dos usuários da rede impulsiona um esforço criativo interessante para as marcas e as organizações. Libertar-se do modus operandi super técnico e das supostas fórmulas de storytelling sem perder de vista as questões estratégicas é um senhor desafio quando se trata de contar certas histórias. Pode ser ainda mais difícil nos conteúdos de curta duração das plataformas controladas por algortimos, repletas de vídeos virais copiados à exaustão.
Trata-se de conseguir elaborar bem conteúdo, ritmo e harmonia numa pequena capsula audiovisual, o que me levou a outro nome importante do cinema e do pensamento sobre a linguagem cinematográfica: Andrei Tarkovski. Pois me parece que poderíamos pensar em Esculpir o Tempo, o livro do cineasta russo, para discutir aspectos desse novo tipo de conteúdo audiovisual não apenas no âmbito do marketing digital, mas também quanto a possibilidades da expressão artística. Será?
Inteligência Artificial, interatividade, hiperpersonalização, humanização, inclusão, sustentabilidade, diversidade, dados e métricas, User Generated Content (UGC), comunidades, conteúdo imersivo... Cada um desses itens tem alguma relação com os vídeos curtos e interfere na maneira de produzi-los. Bora conversar sobre o assunto mais tarde?
Links úteis:
Sobre o relatório do TikTok de tendências para 2024 - em português TikTok What's Next 2024 - apresentação original 'Delulu': O termo do k-pop que está sendo aplicado no TikTok e no LinkedIn para conseguir emprego, por Anaísa Catucci no portal G1
Por Carol Assunção - jornalista, consultora, professora e pesquisadora
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